quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

CANTO X - Odisseia


- A obra;
A segunda obra mais antiga da literatura ocidental e também uma das mais importantes, é denominada Odisseia, do poeta grego Homero. Narra, em cantos, a incrível viagem de Ulisses desde Troia até a ilha de Ítaca, depois do fim da Guerra de Troia. 
Tratada como um retrato da cultura daquela época, mostra a rotina de vida, a mitologia e os sentimentos dos protagonistas da história grega daquela época. Para muitos uma leitura de difícil compreensão, para outros um caminho sem fim: cada vez que é relida nasce uma nova visão da obra. Tão aventurosa e incrível foi essa viagem que o termo “odisseia” tornou-se sinônimo de viagem longa e difícil. Essa palavra vem de “Odisseu”, que é Ulisses em grego.
É um dos dois principais poemas épicos da Grécia Antiga. É, em parte, uma sequência da Ilíada. Assim como a Ilíada, é um poema elaborado ao longo de séculos de tradição oral, tendo tido sua forma fixada por escrito, provavelmente no fim do século VIII a.C.

- Enredo 
Os eventos na sequência principal da Odisseia se dão na Grécia Antiga, principalmente naquelas que são atualmente chamadas de ilhas Jônicas. Existem controvérsias quanto à real identificação de Ítaca, terra natal de Odisseu, que pode ou não ser a mesma ilha que é atualmente chamada pelos gregos de Ithake (Tentou-se identificar a Ítaca atual com a antiga, mas não é possível localizar a ilha pela descrição de Homero.)

- Personagens/ Mitologia Greco – Romana 
b. os deuses têm forte influência no futuro do herói
c. existência de criaturas fantasiosas e elementos místicos (feiticeiras, profetas, ciclopes, ninfas, rios de fogo).

A mitologia greco-romana originou uma vasta série de entidades lendárias e mitológicas, entre as quais se encontram os deuses. O mito surge a partir da necessidade de explicação sobre a origem e a forma das coisas, suas funções e finalidade, os poderes do divino sobre a natureza e os homens. Poetas como Homero narravam as histórias dos deuses, que continham poderes além dos seres humanos, interligados à natureza. Por isso o poder em mover mares, controlar o mundo dos mortos, enviar raios, tempestades, entre outros.
Na mitologia grega, os nomes são gregos mesmo e na romana, a nomenclatura aparece em latim. Por exemplo Júpiter e Zeus, dizem respeito ao mesmo deus, governante do Monte Olimpo, mas chamados diferentemente, o primeiro é como os romanos denominam e o segundo como os gregos chamam.

Odisseu/Ulisses - protagonista
O personagem é Rei de Ítaca, casado com Penélope, com quem teve um filho chamado Telêmaco. Idealizador do “Cavalo de Tróia” foi responsável pela entrada do exército grego garantindo o sucesso da batalha. É considerado astuto e muito inteligente, características que podem ser comprovadas através das estratégias que usa para sair de situações perigosas ou complicadas.

Éolo – deus dos ventos
Logo no começo do canto X, quando estão chegando a Eólia (ilha), é mencionado o rei Eolo, também conhecido como senhor dos ventos, que mais tarde “concede” à frota de Ulisses ventos favoráveis para ajudá-los em sua jornada de volta a Ítaca.

Circe – feiticeira/deusa da noite. 
Circe ajuda Ulisses em sua jornada, apesar de inicialmente não parecer. 
Convida a todos que entrem em seu palácio. Após servir queijos e vinho, Circe transforma todos os enviados por Ulisses na expedição de reconhecimento (com exceção de Eurícolo) em criaturas semelhantes a porcos. Ulisses, ao saber da notícia, parte para salvar seus companheiros. Ele acaba se envolvendo com a feiticeira e ele, juntamente com seus “sócios” ficam na ilha por um ano inteiro, vivendo em fartura.
“Ela, pegando a vara, sai de casa 
E abre o chiqueiro; tira-os parecidos 
A varrões de nove anos, em fileira 
Um por um vai com bálsamo esfregando, 
Cair fazendo o pêlo que o veneno 
Exicial criara, e mais os torna 
Jovens e esbeltos [...]”
* exicial: que traz ruína, destruição, danoso
O trecho destacado acima faz referência ao momento em que a feiticeira, a pedido de Ulisses, traz à forma original os guerreiros que foram anteriormente, por ela, transformados em porcos.

Outros personagens e criaturas que são citados no canto X:
Bóreas - é o vento norte;
Prosérpina -  é filha de Júpiter (Zeus) com Ceres (Deméter) - uma das mais belas deusas de Roma;
Tirésias – profeta cego, já morto, é convocado em espírito;
Plutão – Hades, deus dos mortos, do submundo; 
Mercúrio – Hermes, é um mensageiro e deus da venda, mercador;
Érebo: é, na mitologia grega, a personificação das trevas e da escuridão; 
Aurora: é uma deusa do amanhecer; 
Érebo: personificação das trevas e da escuridão;

Os ciclopes: considerados por Homero gigantes, insolentes pastores, possuem apenas um olho e se alimentam de carne humana e as vezes por isso são considerados sem lei, sem moral. Eles podem ser divididos em dois grupos de acordo com o tempo de existência: ciclopes antigos e ciclopes jovens. Podem ser também urânios, filhos de Urano (deus do céu) e Gaia ( mãe da terra) e também sicilianos que são os filhos de Poseidon (supremo do mar).

No livro Odisseia, de Homero, o ciclope responsável por um dos maiores atos da história. Polifemo é o nome desse ciclope, filho de Poseidon com a ninfa (fadas sem asas, personificação da graça criativa e fecundadora da natureza) Teosa, vivia em uma caverna criando ovelhas, caverna essa que Ulisses e seus companheiros ficaram presos, o que ocasionou a morte de dois marinheiros, Polifemo os comeu. Desesperados e tendo que pensar em uma saída o mais rápido possível, Ulisses escapou da caverna escondido debaixo de uma ovelha gerando uma série de conflitos entre Ulisses e os gigantes de um olho só.

Lestrigões: também aparecem no livro, são uma tribo de gigantes antropófagos da mitologia greco-romana. O termo lestrigão foi derivado da palavra grega Laisêion que significa couro cru. Eles eram conhecidos por ser uma sociedade ativa e praticamente incansável.

Observações e destaques do texto:
Crença na fúria dos deuses: 
Éolo – 
“Fora, não devo proteger um homem
Ingrato ao Céu; foge daqui, malvado 
És ódio aos imortais. ”
Presença de elementos místicos: 
Circe: 
“Arma, Ulisses, o mastro, expande as velas; 
Senta-te, e a Bóreas encomenda o rumo. 
Quando, por entre o pego, à mole praia 
E ao luco de Prosérpina chegares, 
De salgueiros estéreis e altos choupos, 
Surjas lá no Oceano vorticoso, 
E à casa opaca de Plutão caminhes, 
Onde o Cocito, que do Estige mana, 
Com o ígneo Flegetonte, separando 
Celsa penha os ruidosos confluentes, 
Mete-se no Aqueronte.”
* O rio Cócito, na mitologia grega, é o rio das lamentações;
* Estige, na mitologia grega, é uma ninfa e também um rio infernal dedicado a ela;
* Flegetonte é um rio de fogo do submundo;
* Aqueronte é também um rio mitológico, no qual após a morte, a alma era deixada, juntamente com todos os seus sonhos, desejos e deveres que não foram realizados em vida;

Circe; 

Plutão;

Há diversos atos heroicos no texto pelo fato de Odisseu ser conhecido pela imensa esperteza. Histórico presente no conto chinês está no momento em que o Odisseu decide que não irá embora da ilha sem antes de resgatar seus companheiros presos no Palácio da feiticeira Circe. 
As personagens agem e falam no discurso direto diante de nós, para nós - preparando de alguma forma o teatro- Ainda não havia análise psicológica e nem do mundo interior. 
Os eventos narrados no texto dependem das ações dos guerreiros, mulheres, escravos e criados presente na trama.


Resumo do Canto X:  
Ulisses e seus companheiros são abrigados em Eólia e recebem ajuda de Eolo (senhor dos ventos), que coloca dentro de uma bolsa de couro de touro ventos para ajudar Ulisses a retornar para Ítaca. Quando Ítaca começa a aparecer no horizonte, Ulisses resolve descansar e seus companheiros, curiosos e crentes de que na bolsa havia ouro, desobedecem ao conselho de Éolo e abrem a bolsa para dividir as supostas riquezas. O vento ali antes preso, escapa todo de uma vez, fazendo o barco retornar a Eólia e levando Ulisses à enorme frustração.

Ulisses e os outros fazem uma breve refeição em Eólia e Éolo questiona o porquê de seu retorno. Ulisses pede ajuda novamente, mas Éolo recusa e os manda embora. De lá, expulso como amaldiçoado dos deuses, Ulisses retornou às ondas do mar e chegou no sétimo dia a Lamos, cidade da Lestrigônia, terra dos gigantes e antropófagos lestrigões. Ulisses envia homens para reconhecer o local e dialogar com os nativos, no entanto, tribos de canibais, sob a ordem de seu rei, o gigante e antropófago Antífates, precipitaram-se sobre os enviados do herói de Ítaca, devorando logo um deles. Arremessando, em seguida, blocos de pedra sobre a frota ancorada em seu porto, destruíram todas as naus, menos a de Ulisses, que ficara mais distante.
Após se lançarem novamente ao mar, acabam por chegar à Eéia, ilha de Circe. Descansam, num primeiro momento e depois Ulisses envia exploradores. Ulisses, após matar um cervo, conforta seus companheiros com comida e bebida. Adormecem na areia. Ulisses faz um discurso motivacional e eles se recordam dos antropófagos Antífates e Ciclope. Os exploradores andam por um vale de mármore, cercado de lobos e leões enfeitiçados por Circe e escutam então o canto da deusa.

Circe aparece e convida a todos que entrem em seu palácio. Euríloco, um dos companheiros de Ulisses, receoso, fica do lado de fora. Após servir queijos e vinho, Circe transforma todos os enviados (com exceção de Eurícolo) em criaturas semelhantes a porcos. Eurícolo volta às pressas para contar o fato a Ulisses, que reúne suas armas para partir. Euríloco tenta impedi-lo, mas Ulisses diz “Por mim o dever clama”. Ulisses parte para salvar seus companheiros.
Ulisses encontra com Mercúrio (Hermes) que lhe oferece uma planta (móli) para evitar um feitiço de Circe. Ulisses continua seu caminho para confrontar a deusa. Ulisses entra em seu “palácio” e bebe o vinho, mas resiste ao encanto por causa da planta que Mercúrio lhe deu. Circe fica surpresa e convida o herói a seus aposentos. Ulisses aceita sob a condição de que a deusa não causa a ele mais danos.

Circe questiona o porquê de Ulisses estar abatido, ele confessa que teme por seus amigos, a deusa vai ao chiqueiro e transforma os companheiros de Ulisses em homens novamente.
Todos celebram o fato recente e Circe os convida para viver em fartura dentro de seu palácio. Euríloco questiona, mas, embora duvidoso, segue o mesmo rumo. Circe cuida de todos e lá permanecem por um ano inteiro.
Ulisses volta a si e pede a deusa que compreenda sua vontade de voltar para solo natal. Circe os “liberta”, mas antes aconselha: pede que Ulisses visite o profeta Tirésias no submundo para que ele possa guiar a nova rota.
Circe explica o ritual que Ulisses deve fazer para evitar a morte no submundo e conseguir consultar Tirésias, podendo então depois retomar o caminho de volta para Ítaca. Ulisses e seus companheiros se despedem e partem ao amanhecer.

Ulisses matando os pretendentes de sua esposa Penélope , na ilha de Ítaca




Alberto Morávia e Recordações de Circe. 

O texto de Morávia se relaciona com o de Homero por tratar com ênfase a cena que se passa na ilha da feiticeira Circe, onde alguns companheiros de Ulisses foram transformados em porcos. Em Recordações de Circe, o narrador da história é Euríloco (um dos tripulantes e companheiro de Ulisses em sua viagem de volta à Ítaca) o que já se difere de Odisseia, onde o narrador é Ulisses.

Alberto Moravia, pseudônimo de Alberto Pincherle (Roma, 28 de novembro de 1907 — Roma, 26 de setembro de 1990)

Essa mudança de narrador traz uma nova visão sobre o Canto X e principalmente sobre a estadia dos companheiros de Odisseu na ilha de Circe, joga uma visão crítica com uma análise mais reflexiva dos fatos da história, uma visão mais contemporânea e mais complexa. Diz que a transformação em porcos não foi num passe de mágica por exemplo, eles viraram porcos devido à vícios e fraquezas, numa espécie de metamorfose mental. Esta mesma transformação causou sentimento de engrandecimento e os tripulantes acharam que seriam pessoas melhores, da forma como Circe os coloca. Agiram como se aquilo tudo fosse normal, tomavam banho de lama e acreditavam que estavam reproduzindo ritual dos deuses. Euriloco, por estar presente ali, dá uma nova versão que complementa e traz controversas à versão de Homero. O que não é esperado, é a forma como ele retrata a aceitação dos tripulantes aos desejos de Circe. Dentro desse mesmo contexto, citando a obra de Morávia, Afonso Romano de Sant'anna escreveu uma crônica que cita o conto Recordações de Circe, e cria uma nova visão abordando o conto e relacionando à uma crítica da sociedade na época em que vivia. 


Grupo: 
Giulia Paixão, Isabela Quadros, Letícia Nunes, Lucas Uriel e Robson Silva

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