quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Descida ao Maelstrom, Edgar Alan Poe



No início da história, Poe coloca o seu narrador no topo de uma falésia altíssima, junto a um velho marinheiro que três anos antes desceu ao coração do mäelstrom e sobreviveu para contar. Descobrimos logo que este segundo narrador não é velho, mas acabou vendo seu cabelo se tornando branco em poucas horas devido ao impacto da experiência que vamos contar a seguir. Ele costumava pescar com os dois irmãos em águas perigosas, em que poucos se aventuravam: nas proximidades do mäelstrom. Eles acabavam sempre escapando porque sabiam a hora certa em que o fenômeno começava a se formar. Surpreendentemente, as circunstâncias mudaram em uma determinada tarde. Um furacão que apareceu repentinamente deixou-os ao alcance do redemoinho. Um dos irmãos logo caiu do barco.  Num certo momento, o marinheiro perde as esperanças: “Comecei a pensar em como era magnífico morrer desta maneira, (…) diante de uma tão maravilhosa manifestação do poder de Deus”. E decide aceitar seu destino.

É nesse momento que  a lua cheia ilumina as paredes de água e forma um arco-íris, bem no fundo. É esse desprendimento que o salvará. Tomado por certa frieza, agarra-se a um barril e espera (exausto) o suficiente para que o maelstrom perca a força e ele retorne até à superfície, vivo.
Ao final do conto, ele admite que ninguém acreditou na sua história e que também não espera que o primeiro narrador acredite.

Durante nossas pesquisas sobre o conto, encontramos uma análise interessante. Ela propôs olharmos para o mäelstrom como uma metáfora para o caos. “O caos que não controlamos e nos devora. Um país em crise, um amor falhado, a ausência de futuro. Queríamos todos perceber o que nos pode salvar. Os barris estão talvez ali, à nossa frente, mas não os vemos, cegos com a perspectiva do abismo.”
Ou seja, se nos rendermos ao caos e, como os irmãos do narrador, deixarmos a calma de lado, certamente vamos afundar. Não há saída melhor do que aceitar o problema e, então, pensar em maneiras de solucioná-lo dentro das possibilidades de cada momento da vida.

Lucas Uriel, Isabela Quadros, Robson Silva, Letícia Nunes, Giulia Paixão.

Século XXI e a necessidade de se saber tudo


O Irmão Alemão

O Livro

Chico Buarque de Holanda conhecido como compositor e cantor brasileiro, filho de uns dos maiores intelectuais nacionais, também se aventura no meio literário. Depois de escrever alguns livros, entre infantis e adultos, o artista resolve escrever mais um romance.
            Em companhia de alguns amigos do pai, Chico acaba por ouvir algum deles comentar sobre um filho que Sérgio Buarque de Holanda poderia ter deixado na Alemanha, no período em que esteve lá. Na entre safra de escrita do novo romance, Chico se depara com um livro sobre os horrores da Segunda Grande Guerra Mundial, e fica se pergunta se o possível irmão teria vivido em tal contexto, a partir daí, resolve não só escrever sobre, mas ir atrás do irmão e concluir essa história não só na ficção mas no real.
            No livro o autor/personagem conta que descobriu sobre um irmão em uma carta escrita em alemão encontrada dentro de um livro, e para se "mostrar" para o pai, que parecia sempre preferir o irmão (irmão esse que foi inventado para o romance), decide ir em busca desse elo familiar perdido da Alemanha.

O gênero

A autoficção seria uma variante pós-moderna da autobiografia na medida em que ela não acredita mais numa verdade literal, numa referência indubitável, num discurso histórico coerente e se sabe reconstrução arbitrária e literária dessa ausência de um romance que apresentasse em sua estrutura uma identidade de nomes entre autor, narrador e personagem, identificada por Philippe Lejeune, na primeira edição de seu estudo O pacto autobiográfico, é novamente preenchida aqui, agora não mais por Serge Doubrovsky, mas, sim, por Ricardo Lísias. Não há como não se chocar com a presença do nome do autor enquanto forma de nomeação do personagem-narrador do romance.
            A presença do nome do autor cria uma fissura no tecido narrativo e produz um efeito de estranhamento que o lança a uma espécie de fronteira interpretativa. Trata-se, é claro, de um jogo no qual o próprio autor coordena e orienta as suas investidas no campo ficcional não apenas como sujeito autoral e produtor do discurso, mas, igualmente, como personagem e matéria da narrativa. O leitor é parte ativa desse jogo, sua leitura não é passiva e muito menos funciona apenas como um simples identificador das marcas biográficas do autor que corroboram para a classificação do romance enquanto um texto autoficcional. Resta ao leitor e à crítica construírem formas de compreensão dessas investidas e interrogar quais as ressonâncias desse ato de convergência entre duas formas em princípio antagônicas, a autobiográfica e a ficção fragmentos esparsos da memória.
            Diante do breve quadro apresentado que tem como principal imagem a existência de um escritor que intencionalmente busca fundir sua identidade à do seu próprio personagem acredita-se que pude justificar de modo preciso a minha afirmação em relação aos leitores que percorreram as páginas do romance em busca de um relato acerca da vida íntima do escritor. No entanto, percebe que a adoção da autoficção como gênero e, principalmente, a proposta de criação de uma homonímia entre escritor, personagem e narrador, não obedece ao desejo de expor e narrar aspectos da vida íntima do escritor.

O distanciamento da autobiografia

A aparição assídua de escritores em rádio, televisão, lançamentos de livros entre outros eventos, situação que passou a ser comum a partir dos anos 2000 gerou no leitor uma curiosidade que nunca tinha sido despertada: saber o que se passa na vida de tais escritores fora de seus livros, quando não estão criando ou até mesmo durante suas criações, mas intimamente. Porém a forma de preencher essa lacuna não foi apenas com uma biografia e sim como uma forma de criar uma narrativa sobre o próprio autor que se refere em terceira pessoa em situações nem sempre reais, tal molde é como uma crítica à noção de sujeito, essa necessidade presente no século XXI de sempre saber o que se passa no cotidiano de todos.

Principais obras

Ribamar, de José Castello: O autor recria algumas histórias do pai, José Ribamar, principalmente sobre as viagens dele a Paraíba e Piai. Porém como característica geral do gênero aqui tratado, as histórias reais se misturam com lembranças inventadas, deixando o leitor sem saber onde começa o real e termina a fantasia.

Divórcio, de Ricardo Lisias: O livro conta de forma dramática a vida do casal depois que o autor e personagem principal da trama encontrar sem querer o diário da esposa e nele lê coisas sobre ele que lhe tira o sono por dias. Partir desse incidente ele conta para o leitor o que ele mesmo chama de o seu “desmoronamento”, e tenta entender como chegou a esse ponto crítico

O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza: Assim como o autor o personagem também tem um filho portador de síndrome de Down. O livro tem como intenção mostrar a relação pai e filho, o acerto de contas entre os dois, mais principalmente do autor com ele mesmo. Apesar de negar que o livro se trata de memórias

Todos os livros desse gênero têm uma mesma intenção de linguagem, todos são contados a partir da memória do autor, das suas lembranças, e apesar de alguns serem mais reais que os outros, todos têm uma pitada ficcional, já que a nossa memória é tão confiável como imaginamos. 


Grupo: Alice Gotelip, Bruna Assis, Hugo França, Mariana Almeida




O irmão Alemão - Francisco Buarque de Hollanda 

Sinopse e ficha técnica 

http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=13482

Enredo

A narrativa é construída através do gênero de autoficção, e por isso o autor usa de fatos que realmente aconteceram, e outros que foram criados por ele. O livro foi lançado em 2014, escrito pelo cantor e compositor Chico Buarque

O livro retrata a intensa busca de Ciccio (Chico Buarque) por um irmão até então desconhecido. O adolescente Ciccio encontra em um dos livros do pai, Sérgio Buarque de Holanda, tratado no livro como  Sérgio de Hollander; a carta fazia referência ao irmão misterioso, de descendência alemã. O pai passou parte de sua vida na Alemanha, e lá construiu laços com uma mulher, chamada Anne Ernst, que resultaram no nascimento de Sergio Ernst.

O pai de Ciccio é retratado no livro como um homem intelectual, que possui uma biblioteca vasta de livros; a mãe, Assunta, é uma mulher de descendência italiana, dedicada à família, e que fica responsável por organizar a biblioteca de seu marido.
Em meio a uma adolescência conturbada, composta por porres, roubos de carros e atitudes nem sempre lícitas, Ciccio se aventura numa intensa busca por seu irmão alemão, arriscando muitas vezes até a relação com o pai, que já não era das melhores.
Mimmo, irmão mais velho de Ciccio, é um clássico galanteador, que vive  rodeado de mulheres. Apesar de Ciccio ser muito interessado por livros, como o pai, se mostra magoado por não receber dele a mesma atenção que o mesmo dá a Mimmo.

E assim a história se desenvolve entre ficção e realidade, mostrando Ciccio preocupado com a existência do irmão alemão, e demonstrando um grande interesse em conhecê-lo.

Verdades e mentiras do livro

- Chico Buarque realmente teve um irmão alemão;
- Sérgio Buarque morou em Berlim nos anos 1929 e 1930, onde foi correspondente de O Jornal, órgão do Diários Associados. Nessa época, teve uma relação com Annie Ernst;
- Sergio Günther, o irmão alemão, nasceu em 21 de dezembro de 1930, e Sérgio Buarque já tinha regressado ao Brasil;
- Chico Buarque descobriu que tinha um irmão alemão em um encontro que teve com os artistas e poetas Manuel Bandeira, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Chico conhecia Manuel desde pequeno, e, nesse encontro, Bandeira mencionou um filho alemão de Sérgio.
- O irmão Mimmo, citado no livro, não existe.
- Sergio Günther foi jornalista, como o pai, e em parte músico como o meio irmão brasileiro, já que cantava por hobby;
- Chico Buarque realmente roubava carros por diversão, como citado no livro.

Chico Buarque e seu irmão alemão Sergio Günther

Sobre o Autor

Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido por Chico Buarque (Rio de Janeiro19 de junho de 1944), é um músicodramaturgo e escritor brasileiro. É conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira (MPB). Sua discografia conta com aproximadamente oitenta discos, entre eles discos-solo, em parceria com outros músicos e compactos.
Filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Cesário Alvim, escreveu seu primeiro conto aos 18 anos, ganhando destaque como cantor a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum, Chico Buarque de Hollanda, e venceu o Festival de Música Popular Brasileira com a música A Banda. O cantor se exilou na Itália em 1969, devido à crescente repressão do regime militar do Brasil nos chamados "anos de chumbo", tornando-se, ao retornar, em 1970, um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização no país. Na carreira literária, foi vencedor de três Prêmios Jabuti: o de melhor romance em 1992 com Estorvo e o de Livro do Ano, tanto pelo livro Budapeste, lançado em 2004, como por Leite Derramado, em 2010.





Características da autoficção
- Pacto paradoxal com leitor: contraditório, pois
rompe com princípio de veracidade (pacto
autobiográfico), sem aderir integralmente ao
princípio de invenção (pacto romanesco/ficcional);

 - mesclam-se os dois: contrato de leitura marcado  por ambiguidade em uma narrativa intersticial (limítrofe);
- pacto do romance autobiográfico é fantasmático: autor sem intenção de se revelar, só encontrado recorrendo à extratextualidade (O Ateneu, de Raul Pompeia, de 1888: intenção que fosse lido como romance);

- autoficção: romance pode simular ser autobiografia ou camuflar relato autobiográfico sob denominação de romance;

-da dissimulação e do ocultamento do romance autobiográfico passa-se à simulação e à aparência de transparência da autoficção;
.autoficção como neologismo criado por Serge Doubrovsky:

- o movimento da autobiografia é da vida para o texto, e da autoficção, do texto para a vida;
 - na autobiografia, narrador-protagonista é alguém famoso, que desperta interesse e curiosidade no público-leitor;

- na autoficção, autor pode chamar atenção para sua biografia pelo texto ficcional, mas é o texto
literário que está em primeiro plano.


Grupo

Guilherme Lamas 
Gustavo Resende
Lucas Galhardo
Paula Breviglieri


O tempo além do elemento construtivo da narrativa

    Pensar a história do gênero Épico ou Narrativo é procurar no passado sobre todas a mudanças no cenário literário e chegar até a Grécia Antiga. Era neste momento que a divisão dos três gênero literários era formada: gênero épico, gênero lírico e gênero dramático. Até então, o gênero épico era entendido como aquele em que havia algum tipo de narrativa mais extensa e que discorriam sobre grandes histórias e feitos de heróis. Com uma linguagem elaborada tais acontecimentos acabavam imortalizados através dessas narrações. Muitas vezes com a ajuda do mitológico e do fantasioso as narrativas algumas vezes foram construídas em versos.  

    Com o passar do tempo as narrativas em formato de proza foram tomando lugar á frente dos poemas épicos, até este último cair em desuso em prol do ápice do romance. Tendo ao longo da história o gênero narrativo criando ramificações, como se fossem subgêneros. Seriam estes o romance, a novela, o conto, a epopeia, a fábula , o ensaio e a crônica. 


   Tenda em vista os dois contos em questão, “Uma Descida no Maelström” de Edgar Allan Poe e O jardim de caminhos que se bifurcam” de Jorge Luis Borges, podemos dizer que muitas vezes esse gênero é confundido com a crônica, entretanto se trata de uma narrativa curta, bem mais breve que o comum. O tempo da história é reduzido e  contém poucos personagens, sendo todos eles pertencentes à um núcleo. O conto é característico em ser um relato de algum fato que aconteceu com algum personagem, mas nem sempre é algo que ocorreu com todo mundo da história. Esse relato pode ter aspecto real ou fantástico como também pode ter um tempo cronológico ou psicológico, tudo em prol da narrativa.   Ao pensarmos nas questões da modernidade, ambas as obras nos trazem conteúdo e relações diretas com a busca pelo novo. A utilização de metáforas e aplicação de estilos e maneiras do correr do tempo nessas narrativas constroem um universo de significados e agrega valor aos contos.

 Borges por exemplo, ao desconstruir o tempo linear em sua obra e utiliza dessas ferramentas como metáfora e afins que são características da modernidade e da pós-modernidade. Toda a construção de um sistema próprio de tempo, onde existem vários tempos dentro de outros tempos nos remete a questões como a do labirinto. Aquele que está imerso num determinado contexto não conseguiria enumerar o que é contemporâneo por não saber ser justo e sábio sobre o universo em sua volta e sobre o seu tempo. O intempestivo sim é o contemporâneo. Aquele que não se adequa ao seu próprio tempo, que se parece distante e fora da bolhaEnquanto divaga pelas bifurcações que o conduzem até Stephen Albert, Yu Tsun imagina um labirinto de labirintos, “um sinuoso labirinto crescente que abarcasse o passado e o futuro e que envolvesse, de algum modo, os astros. Absorto nessas imagens ilusórias, esqueci meu destino de perseguido. Senti-me, por um tempo indeterminado, conhecedor abstracto do mundo.”  Como se houvesse um tempo próprio do personagem.  

  Já ao falarmos de Edgar Poe, em sua obra a jornada do personagem principal e a percepção do tempo pelo mesmo nos remete metaforicamente aos ideias de moderno. Para se ter melhor noção de seu conflito, o pescador tenta perceber um certa ordem no caos, onde conclui que para se salvar deveria pular do barco, após isso, quando finalmente é salvo e constata que o tempo passou de maneira "repentina" o escritor toca na mesma tecla. São esses elementos que fazem da obra de Poe um conto fantasioso e que agrega valores do mundo real de maneira ficcional criando sentindo e questionamentos em suas metáforas. Em ambas as obras, o tempo constrói paradigma e estabelece sentido nas narrativas. 

Grupo: Caique Cahon - Ana Carolina Rezende - Gustavo Furtuoso

O Irmão Alemão, romance de Chico Buarque

Podemos entender o romance como algo que associamos ao nosso cotidiano, interpretado, muitas vezes, pelos filmes modernos ou até mesmo sendo representado pelos cancioneiros de Chico Buarque. Outra definição seria a matéria viva, a obra de ficção misturando o que foi, o que poderia ter sido e o que jamais será. É um conjunto de memória, sonho, realidade e fantasia, onde designa o leitor a viajar pelas entrelinhas submetidas pelas leituras e suas interpretações ao longo do tempo. Também podemos associar às novelas, apesar do romance ser considerado maior que as novelas, onde existem características do nosso dia a dia, mas nem tudo representa a realidade. A narrativa sendo dividida pelos heróis, com características de bonzinhos e galãs, se contrapõem aos vilões, que apresentam características opostas às dos protagonistas. Os conflitos abordados e explorados escapam do que poderia ser real e ocorre uma mistura com a fantasia.

O romance pode variar na sua estrutura, pois seu gênero é mais flexível comparado aos outros gêneros literários. Pode apresentar mais de mil páginas ou um décimo destas páginas. Sua narrativa pode seguir um tempo linear, um tempo cronológico ou ir e voltar no tempo. Pode representar o passado, o presente ou o futuro. No caso deste romance de Chico Buraque, O Irmão Alemão, o autor apresenta a narrativa no passado na procura do irmão que desconhece, de naturalidade alemã.

Analisando a obra de Chico Buarque, primeiramente devemos observar a trajetória e a vida do autor. Como em muita de suas obras, Chico apresenta um contexto histórico para narrar suas histórias. Em O Irmão Alemão – romance auto-ficional –, o leitor não consegue identificar o que é real e o que foi acrescentado na história, a não ser que tenha um profundo conhecimento sobre a vida do autor e saiba discernir o que é verdade e o que foi introduzido para dar outra aparência e sentido à trama. Um clássico romance que se encaixa perfeitamente nas características deste gênero.

 A narrativa deste livro envolve dois períodos vividos em países diferentes, a ditadura militar e o nazismo na Alemanha. Possui uma brincadeira envolvendo o mistério na busca do irmão alemão, deixando o leitor preso a narrativa de forma que possui mais de uma verdade. Se o leitor não consegue decidir em qual acreditar, é prudente que ele confie em ambas.

O contexto histórico em que o romance é publicado também é bem significativo: foi em 2014 que saíram os resultados da Comissão da Verdade, que julga crimes que aconteceram na ditadura. Chico foi um dos artistas que mais sofreram com a censura na ditadura, com dezenas de músicas impedidas de serem gravadas e lançadas e tendo, inclusive que ir para o exílio na Itália.

O Irmão Alemão é apenas mais uma amostra do talento de Chico Buarque em transformar uma boa história em uma obra de excelência, juntando referências, memórias pessoais e situações ficcionais que, de tão bem pensadas e amarradas na história, passam por reais. Cabe ao leitor saber reunir as peças do grande quebra-cabeça que forma a vida do autor, e não confundi-la totalmente com a vida do narrador da história.


Grupo: Carolina Doro, Carlos Fellippe, Everton Marin, João Guilherme, Vivian Armond.

O jardim de veredas que se bifurcam - Parte 2

O conto O Jardim de veredas que se bifurcam, de Borges, e Uma descida no Maelstrom, de Allan Poe, possuem uma relação peculiar. O tempo em ambos os contos têm importância especial, senão primordial. Em Borges, o tempo do labirinto não se estabelece como sendo um só, mas uma infinidade, por isso, o labirinto oculta na sua espacialidade própria, múltiplos tempos; não apenas um único tempo uniforme, homogêneo, abstrato, mas “(…) infinitas séries de tempos, uma rede crescente e vertiginosa de tempos divergentes, convergentes e paralelos”. Essa trama de tempos que se aproximam, se bifurcam, se cortam ou que se ignoram, abrange todas as possibilidades.

Ambos os autores trabalham com a criação de uma atmosfera que cause alguma sensação no leitor: no caso de Borges, uma sensação de suspense, já que se trata de uma história policial “às avessas”, (onde não acontece primeiro um crime para que haja uma investigação e a resolução daquele, mas sim uma investigação e no final é que ocorre um crime); e no caso de Poe, uma atmosfera de angústia, que vai criando todo um enredo sem, no entanto, entregar “o ouro”, por assim dizer, ao leitor. É um ponto que se distancia a Borges, cuja resposta a todo mistério que envolvia o jardim consegue ser decifrada no fim.

O Maelstrom é um pedaço de mar tenebroso que engole qualquer coisa. Todo ser que entra no funil do redemoinho experimenta uma outra noção de tempo, onde suspendem as regularidades do tempo, do espaço e da racionalidade, assim como no labirinto de Borges, onde existe um outro tempo em cabem inúmeras possibilidades, passados e futuros. Ambos os personagens principais dos contos, quando absortos em suas jornadas, sentem-se diferentes, talvez serenos e tranquilos, conformados. Yu Tsun, o espião em Borges, absorto em imagens ilusórias, esqueceu seu destino de perseguido e durante um tempo se sentiu conhecedor abstrato do mundo. O pescador norueguês em Poe, quando se encontrava nas fauces do abismo, se sentiu com mais sangue frio do quando estava se aproximando dele. A ideia é que, quando a esperança parece perdida, pelo contrário, quando o esclarecimento pessoal se estabelece, o indivíduo consegue dominar grande parte do terror que o acovardava a princípio e enxergar as coisas com muito mais lucidez.


Grupo: Carolina Doro, Carlos Fellippe, Everton Marin, João Guilherme e Vivian Armond.

Auto Ficção
O livro “O irmão alemão” de Chico Buarque é um romance de autoficção, o gênero no qual personagem, autor e narrador dividem o mesmo campo ficcional, sendo e que esse tipo de narrativa possui uma complexibilidade uma vez que possui vários núcleos ao decorrer da trama fazendo assim a mistura de romance e biografia. A história é baseado em fatos ocorridos com o autor mas com uma liberdade para criar. Transformou-se em tendência da literatura contemporânea. Na obra de Chico, o autor faz uso dessas características narrando sua própria história misturando mentiras e verdades. Um dos objetivos desse gênero é justamente mesclar a realidade com a ficção a fim de não ficar claro uma coisa da outra. Na obra ele é um dos dois filhos de Sergio Hollander que é dono de um acervo de livros, que traz obras que enfeitam a vida do narrador, mas, mais que isso, dentro de um livro Francisco descobre que tem um irmão alemão e é em torno disso que o enredo gira.

Embaralhando as categorias de autobiografia e ficção de maneira paradoxal ao juntar, numa mesma palavra, duas formas de escritas que, em principio, deveriam se excluir.
Chico Buarque tem sim um irmão alemão, mas a sua vida foi bem diferente da descrita no livro, essa é a maior verdade do livro, um irmão que Chico não chegou a conhecer, algo que no livro é mostrado de maneira diferente.

Chico Buarque também brinca com seu ciclo familiar, ele que viveu rodeado de irmãos retrata apenas um fora o alemão em seus livros. Ele também descreve sua mãe como italiana, o que não se confirma na vida real. O autor brinca com os nomes dos personagens, com suas características e aventuras, mas mais que tudo isso o autor brinca com a nossa mente e aguça nossa curiosidade em descobrir o que aconteceu de fato e o que é apenas a criatividade de Chico falando mais alto.

Nomes: Bianca Ramos, Isabela Condé, Leticia Arruda, Matheus Andrade, Natanael Gomes.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Sobre Chico Buarque e Romance

Francisco Buarque de Hollanda, muito conhecido por Chico Buarque, é um músico, dramaturgo e escritor brasileiro. Chico é conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira e seu primeiro conto foi escrito aos 18 anos. Em 1969, autoexilou-se na Itália devido à crescente repressão do regime militar do Brasil, tornando-se, ao retornar,  um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização no país. Na carreira literária, foi vencedor de três Prêmios Jabuti.

O quinto romance escrito por Chico Buarque foi lançado em 2014 com o título “O irmão alemão”. A obra mistura ficção e autobiografia revelando fatos sobre um irmão alemão de Chico filho de Sergio Buarque de Holanda, retratado como Sergio de Hollander, durante o tempo em que o mesmo morou na Alemanha. Assim, narra a imensa busca feita pelo narrador, com propósito de encontrar esse irmão que nunca chegou a conhecer.



O romance se passa, em sua maior parte, durante a juventude de Chico Buarque, nos anos da ditadura militar, mostrando a rotina da família Hollander em que o pai configura o perfil de intelectual e bibliógrafo que passa dias inteiros lendo. A mãe, por outro lado, chamada Assunta, é uma italiana dedicada à família e a responsável pela organização da biblioteca de Sergio de Hollander. Há dois filhos, com personalidades bem diferentes, sendo o mais velho de perfil conquistador, enquanto o mais novo, que conta a história, tem interesse por livros assim como o pai e fica mexido ao descobrir a existência do irmão alemão quando encontra uma carta de Berlim no meio de um livro.

A obra de Chico Buarque se enquadra no gênero Romance uma vez que possui estrutura complexa, não abordando apenas um núcleo, mas diversas tramas que se desenrolam durante a narração da história principal. Além disso, “O irmão alemão” se organiza a partir de acontecimentos que seguem uma sequência temporal. 


Fernanda Bonfim, Luiza Curityba, Henrique Pfister e Joana Campos

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Uma reflexão sobre o conto de Circe e a Odisseia


Há cerca de um mês, falamos sobre a Odisseia, e pouco antes disso falamos sobre Morávia e Romano de Sant'anna. O conto e a crônica que analisamos resgata uma história que é contada na Odisseia, fazendo uma releitura do acontecimento.

"Circe ajuda Ulisses em sua jornada, apesar de inicialmente não parecer. 
Convida a todos que entrem em seu palácio. Após servir queijos e vinho, Circe transforma todos os enviados por Ulisses na expedição de reconhecimento (com exceção de Eurícolo) em criaturas semelhantes a porcos. Ulisses, ao saber da notícia, parte para salvar seus companheiros. Ele acaba se envolvendo com a feiticeira e ele, juntamente com seus 'sócios' ficam na ilha por um ano inteiro, vivendo em fartura."


O canto X da Odisseia representa o estilo épico na sua melhor forma. Os personagens são submetidos ao destino escrito pelos deuses, em uma realidade cheia de monstruosidades e magia. Mas Morávia e Sant'anna tratam de ressignificar a história, dando um sentido mais atual e humano. A magia que transformava os homens eram suas ideologias. O destino que anteriormente era escrito pelos deuses, se transformou na forma humana de seguir cegamente estas ideologias, sem pensamento crítico.

O conto mudou o formato de narrativa, mas mostra como que os textos se adaptam para representar sua época. Porque se olharmos bem, os homens/heróis continuam submetidos a destinos, sejam estes os escritos pelos deuses ou por seus instintos. E o que é o instinto humano se não uma magia ou monstruosidade?

Fernanda Bonfim, Luiza Curityba, Henrique Pfister e Joana Campos

“Uma Descida no Maelström” de Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe
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Biografia:
Edgar Allan Poe nasceu em Boston, nos Estados Unidos, no dia 19 de janeiro de 1809. Foi um poeta, escritor, romancista, crítico literário e editor que inaugurou um novo gênero e estilo na literatura.
Filho de atores de teatro, David Poe e Elizabeth Arnold, perdeu a mãe muito cedo para a tuberculose e o pai nunca mais foi visto após seu nascimento. Ele e os irmãos foram adotados por John Allan e sua esposa, de Baltimore.
Poe estudou na Inglaterra e na Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. Desde novo, demonstrava interesse pela escrita, e publicou seu primeiro livro de poemas depois de abandonar a Universidade. Depois de tentar a carreira militar e não obter sucesso tornou-se editor de uma importante revista de Richmond, “Mensageiro Literário do Sul”.
Edgar se casou com uma prima, Virgínia, de apenas 13 anos de idade. Quando, pouco tempo depois, perdeu o emprego e passou por dificuldades financeiras, a esposa adoeceu e não resistiu.
Foi o mais romântico dos principais escritores americanos, deixando poemas, contos romances, temas policiais e de horror. Acreditava ser o bastante se conseguisse apenas criar a beleza e tocar a sensibilidade dos leitores. Por isso, muitas de suas obras abordam o sofrimento causado pela morte de um amante.
Considerado o “criador” do conto policial, Allan Poe faleceu no dia 07 de outubro de 1849, em uma taberna em Baltimore, por conta de doenças provocadas pelo álcool, que sempre o acompanhou em sua vida conturbada.
Principais Obras:
-Contos: O gato preto, Ligéia, O coração delator, A queda da casa de Usher, O poço e o pêndulo, Berenice, O barril de Amontillado, Assassinato de Maria Roget, Os crimes da Rua Morgue, A Máscara da Morte Escarlate, William Wilson, A carta roubada, O Retrato Oval.
-Poemas: O Corvo e outros Poemas (1845), Annabel Lee, A cidade do mar, Para Helena.

“Uma Descida no Maelström”
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Sobre o Livro:
“Uma descida no Maelström” foi escrito por Edgar Allan Poe e sua primeira publicação data de abril de 1841. A história é um conto e se passa na Noruega.
É considerado como um dos primeiros exemplos literários da ficção científica e é inspirado no Moskstraumen, que é um redemoinho formado junto ao arquipélago de Lofoten, na costa da Noruega.
O Maelström é, portanto, um grande redemoinho em alto mar, conhecido por sua força destruidora de navios, símbolo do poder das águas e da natureza. No entanto este também possui forte significado místico, podendo representar o caos da vida e o turbilhão de acontecimentos cujo resultado não se sabe até que acabe o movimento das águas.
            Personagens:
O conto “Uma Descida ao Maelstrom” conta uma história dentro de uma história. Para que isso aconteça, o narrador narra a história de um velho pescador norueguês que fez uma viagem ao mar e, durante ela, foi pego por um turbilhão, um redemoinho gigante dentro de um fiorde na Noruega.
Além desse personagem, existe mais dois: os irmãos deste pescador. Com isso deduzimos que um dos três personagens principais sobreviveu, e este está contando a história. O velho é retratado como cuidadoso e calmo. Além disso, via toda a situação por outro “ângulo”, buscando saídas que os salvassem, saindo na zona de conforto e da ignorância. Devido a essas qualidades, conseguiu se salvar do redemoinho.
Em contrapartida, os dois irmãos, foram descritos como aterrorizados, aflitos e desesperados. Por apresentarem tais características, no momento do incidente, não conseguiram se salvar, apesar do esforço do irmão em ajudar.
Devido à falta de mudanças na personalidade dos personagens, constituídos por personalidades rasas, os irmãos são considerados personagens planos. O velho, por apresentar conflitos interiores e com o ambiente que o cerca, por apresentar ações totalmente imprevisíveis e não esperado pelo leitor, surpreendendo-nos, é considerado um personagem redondo.
 Existem outros personagens secundários, também sem nome, que aparecem mais ao final do conto: os salvadores do velho, que foi encontrado no mar calmo, amarrado a um barril. Tais personagens eram considerados amigos do velho, embora não tenham o reconhecido, afirmando que tal homem era muito velho para ser o amigo deles.
Resumo:        
Um homem velho conta sua trajetória no mar a um homem. Fala que há apenas três anos atrás era bem diferente da atualidade, que ainda pescava normalmente com seus irmãos.
Ele explica que nunca pescava durante o Maelström, um redemoinho gigante, porém em certo dia ele e os irmãos não conseguiram escapar. Então ele conta dos detalhes: No primeiro momento ficou muito assustado e só depois de ter perdido um irmão e de observar o outro completamente perdido, conseguiu se acalmar e analisar o que estava ocorrendo.
Vendo tudo com sabedoria, apesar do tumulto, observou que os objetos que caiam no redemoinho sumiam rapidamente e que os maiores iam mais rápido para o fundo do mar, Então chamou seu irmão pra saírem do barco, agarrados a um barril. Porém esse achou bobagem sair do barco.
O velho ficou sozinho no barril e o barco foi sugado com seu irmão. Em seguida o redemoinho acabou e ele ficou flutuando com o barril no mar tranquilo até ser resgatado por um grupo de homens.
Os homens que o resgataram eram seus amigos, porém não o reconheceram, o que causou estranheza ao homem que se salvou, pois o pescador era mais novo quando foi pescar e voltou já velho: o fenômeno levara anos do sobrevivente.

O conto é uma obra de ficção, uma história inventada, onde se cria um universo de seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. O conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo. Os contos, normalmente, se definem por serem textos abertos – como o "Uma descida ao Maelström", de Edgar Allan Poe –, não são muito curtos e também não são muito extensos, contém uma única trama, uma única história que se desenrola dentro da obra e apenas um clímax.

Grupo: Bianca Barros, Caroline Crovato, Luiza Vantine, Raissa Segantini e Rute Honório.