O romance pode variar na sua estrutura, pois seu gênero é mais flexível comparado aos outros gêneros literários. Pode apresentar mais de mil páginas ou um décimo destas páginas. Sua narrativa pode seguir um tempo linear, um tempo cronológico ou ir e voltar no tempo. Pode representar o passado, o presente ou o futuro. No caso deste romance de Chico Buraque, O Irmão Alemão, o autor apresenta a narrativa no passado na procura do irmão que desconhece, de naturalidade alemã.
Analisando a obra de Chico Buarque, primeiramente devemos observar a trajetória e a vida do autor. Como em muita de suas obras, Chico apresenta um contexto histórico para narrar suas histórias. Em O Irmão Alemão – romance auto-ficional –, o leitor não consegue identificar o que é real e o que foi acrescentado na história, a não ser que tenha um profundo conhecimento sobre a vida do autor e saiba discernir o que é verdade e o que foi introduzido para dar outra aparência e sentido à trama. Um clássico romance que se encaixa perfeitamente nas características deste gênero.
A narrativa deste livro envolve dois períodos vividos em países diferentes, a ditadura militar e o nazismo na Alemanha. Possui uma brincadeira envolvendo o mistério na busca do irmão alemão, deixando o leitor preso a narrativa de forma que possui mais de uma verdade. Se o leitor não consegue decidir em qual acreditar, é prudente que ele confie em ambas.
O contexto histórico em que o romance é publicado também é bem significativo: foi em 2014 que saíram os resultados da Comissão da Verdade, que julga crimes que aconteceram na ditadura. Chico foi um dos artistas que mais sofreram com a censura na ditadura, com dezenas de músicas impedidas de serem gravadas e lançadas e tendo, inclusive que ir para o exílio na Itália.
O Irmão Alemão é apenas mais uma amostra do talento de Chico Buarque em transformar uma boa história em uma obra de excelência, juntando referências, memórias pessoais e situações ficcionais que, de tão bem pensadas e amarradas na história, passam por reais. Cabe ao leitor saber reunir as peças do grande quebra-cabeça que forma a vida do autor, e não confundi-la totalmente com a vida do narrador da história.
Grupo: Carolina Doro, Carlos Fellippe, Everton Marin, João Guilherme, Vivian Armond.
0 comentários:
Postar um comentário