quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O Irmão Alemão, romance de Chico Buarque

Podemos entender o romance como algo que associamos ao nosso cotidiano, interpretado, muitas vezes, pelos filmes modernos ou até mesmo sendo representado pelos cancioneiros de Chico Buarque. Outra definição seria a matéria viva, a obra de ficção misturando o que foi, o que poderia ter sido e o que jamais será. É um conjunto de memória, sonho, realidade e fantasia, onde designa o leitor a viajar pelas entrelinhas submetidas pelas leituras e suas interpretações ao longo do tempo. Também podemos associar às novelas, apesar do romance ser considerado maior que as novelas, onde existem características do nosso dia a dia, mas nem tudo representa a realidade. A narrativa sendo dividida pelos heróis, com características de bonzinhos e galãs, se contrapõem aos vilões, que apresentam características opostas às dos protagonistas. Os conflitos abordados e explorados escapam do que poderia ser real e ocorre uma mistura com a fantasia.

O romance pode variar na sua estrutura, pois seu gênero é mais flexível comparado aos outros gêneros literários. Pode apresentar mais de mil páginas ou um décimo destas páginas. Sua narrativa pode seguir um tempo linear, um tempo cronológico ou ir e voltar no tempo. Pode representar o passado, o presente ou o futuro. No caso deste romance de Chico Buraque, O Irmão Alemão, o autor apresenta a narrativa no passado na procura do irmão que desconhece, de naturalidade alemã.

Analisando a obra de Chico Buarque, primeiramente devemos observar a trajetória e a vida do autor. Como em muita de suas obras, Chico apresenta um contexto histórico para narrar suas histórias. Em O Irmão Alemão – romance auto-ficional –, o leitor não consegue identificar o que é real e o que foi acrescentado na história, a não ser que tenha um profundo conhecimento sobre a vida do autor e saiba discernir o que é verdade e o que foi introduzido para dar outra aparência e sentido à trama. Um clássico romance que se encaixa perfeitamente nas características deste gênero.

 A narrativa deste livro envolve dois períodos vividos em países diferentes, a ditadura militar e o nazismo na Alemanha. Possui uma brincadeira envolvendo o mistério na busca do irmão alemão, deixando o leitor preso a narrativa de forma que possui mais de uma verdade. Se o leitor não consegue decidir em qual acreditar, é prudente que ele confie em ambas.

O contexto histórico em que o romance é publicado também é bem significativo: foi em 2014 que saíram os resultados da Comissão da Verdade, que julga crimes que aconteceram na ditadura. Chico foi um dos artistas que mais sofreram com a censura na ditadura, com dezenas de músicas impedidas de serem gravadas e lançadas e tendo, inclusive que ir para o exílio na Itália.

O Irmão Alemão é apenas mais uma amostra do talento de Chico Buarque em transformar uma boa história em uma obra de excelência, juntando referências, memórias pessoais e situações ficcionais que, de tão bem pensadas e amarradas na história, passam por reais. Cabe ao leitor saber reunir as peças do grande quebra-cabeça que forma a vida do autor, e não confundi-la totalmente com a vida do narrador da história.


Grupo: Carolina Doro, Carlos Fellippe, Everton Marin, João Guilherme, Vivian Armond.

0 comentários:

Postar um comentário